Mansour.
O nosso guia iraniano. O Mansour tem 35 anos, nasceu e cresceu em Shiraz e vive perto de Shiraz. Os seus pais também são de Shiraz. O Pai, reformado, esteve muitos anos ligado à preservação do ambiente.
Fala um inglês imaculado. Nada normal nesta população. Só há aqui um problema. O Mansour tem namorada mas de outra província. Será uma nova personagem a introduzir mais tarde. Voltando ao problema. O Pai do Mansour quer que o filho case com uma mulher da província de Shiraz. O próprio Mansour já viveu na cidade da namorada e não gostou. O Pai do Mansour nem sabe que o Mansour tem namorada. Já ficaram a saber um segredo bem guardo. Por favor, não digam ao Pai do nosso guia 😁.
Minab. Hora de saída do hotel com malas prontas - 08:00.
Direção ao mercado tradicional de Minab. Este mercado acontece todas as quintas-feiras onde os feirantes da região descem a Minab para venderem os seus produtos. Cabras, bodes, galos, piriquicos de todas as cores (pela ingestão de um químico que os matas em 3 ou 4 dias) roupas, vegetais e mais uma quantas coisas para a casa. E claro, uma camisola do Ronaldo à venda.
Uma das características desta mercado é de ser frequentado por mulheres da tribo Bandaris. Distinguem-se pelas roupas e máscara nos olhos. Não se sabe bem a origem da máscara. Usam de muitas cores e trabalhadas. As cores também têm significados diferentes e identifica se são casadas, viúvas, solteiras, entre outros significados que pode ter.
Aqui não há mesmo turismo. Nem todos são tão simpáticos como nas outras cidades onde já estivemos.
O mercado é num sítio à beira da estrada, meio árido. Hoje não estava tão cheio de feirantes como de costume, pois este é o segundo dia feriado depois do fim do Ramadão. Depois de algumas voltas e de o viajante Filipe ter comprado uma camisola do Persepolis por 25 milhões de Rials - 3,84€ - caminhámos até ao mercado dos animais. Bodes e carneiros, todos cheios de sede e por tosquiar. Quando entrei consegui perceber as seguintes palavras…portugali…Tourism. Ainda consegui tirar uma fotos, com a máquina e com o telemóvel. As da máquina ficarão na minha memória. Mais parte percebi que não tinha colocado o cartão de memória que tinha retirado na noite anterior.
Pelo meio da visita recebemos mensagens de que a companhia aérea alemã - Lufthansa- cancelou os voos até dia 23 de abril. Depois que o espaço aéreo junto a Teerão estava fechado. Depois desmentido sobre o fecho do. espaço aéreo.
Bem, nós continuamos super tranquilos e a aproveitar cada minuto desta viagem.
A temperatura já passava dos 30 °C, suávamos e bebíamos água como se não houvesse amanhã. It’s time to go. E partimos de Minab. À saída, como em qualquer cidade do Irão, o nosso Hussein tem de ir mostrar os papéis com os nossos dados. Teremos agora 350 km a fazer debaixo deste pesado calor.
Os próximos dias vai ser assim. Muitos km’s a fazer. O próximo destino é a cidade de Bam, ainda no Sul do Irão.
Pelo meio, paragem para almoço na cidade de Kahnuj. Antes ainda fomos à uma bomba de gasolina, mas nada feito. Haviam muitas carros e camiões, menos a gasolina. Estranho para um país produtor de petróleo.
Veio o almoço em Kahnuj. O restaurante tem 3 salas. Uma na entrada onde ficamos, outra sem uso e a terceira, a mais gira, usada para comer e fumar shisha.
Esta é a sala mais gira. Frequentado por locais já se nota uma diferença tanto nas nas vestes como nos rostos. Rostos rasgados, camisas até ao joelho e calças da mesmíssima cor. Serão originários do Balushistao. Território que se espalha pelas montanhas da fronteira entre o Irão, Paquistão e Afeganistão. É um território esquecido e abandonado pelas autoridades iranianas. Uma boa parte dos residentes nesta região nem sequer têm documentos ou registos de como existem e são cidadãos iranianos. O Estado esquece-os e os cidadãos do Balushistao esquecem o seu Estado.
Foi mais um almoço. No final a Isabel perguntou se havia fruta. Só banana. Resposta errada, banana não é fruta, para alguns claro.
Entretanto o nosso bom Hussein também já tinha terminado a sua refeição e pediu uma caixa para levar comida. Depois de encher a caixa com Kebab e arroz puxou por mim e mostrou-me o que ia fazer com a comida. Entregar a uma senhora que estava nas escadas do restaurante, debaixo de 32 graus a pedir uma esmola. Hussein a marcar pontos.
Entretanto e sem dar nas vistas aparecem Fábio e Mansour com uma melancia para a nossa sobremesa e assim satisfazendo os desejos da Isabel. Maravilhosa melancia. Manemum Fábio ou em português, obrigado Fábio. Mais um pormenor. O troco foram 10 pequenas meloas. É muito normal que os trocos de pequeno valor sejam dados em géneros. Mas 10 Meloas é maravilhoso.
Já passa das 3 da tarde. Hora de partir. Ainda temos mais 230 km para fazer até à cidadela de Bam. Este território tem origem na Rota da seda desde o Império Aquemênida (séculos VI a.C. a IV a.C.).
Será o ponto mais perto em que estaremos do Balushistão e do Paquistão. De Bam para Leste já não é aconselhado a sua travessia. Risco de encontrar bandidos, ladrões, contrabandistas e terroristas.
Nós viajantes estamos neste momento em que escrevo numa sauna, mesmo muito sauna em movimento. A super super Fiat Ducato Multijet 1200, de 15 lugares tem ar condicionado, mas deita… ar quente.
Há medida que nos aproximamos de Bam já começamos a ver grandes montanhas. Hoje vamos subir até aos 3 mil metros. Também os controlos policiais estão a ser mais frequentes. O Hussein sai da carrinha, vai até uma casota, mostra a papelada e regressa. Não é a polícia que está a mandar parar. São mesmo os condutores que saem do carro e vão até ao posto, que nem sempre para mim é evidente onde fica.
Nesta via rápida, de duas faixas para cada lado, aos poucos vamos vendo enormes extensões de cultivo de tâmaras, limas e outros frutos.
Hoje a viagem já vai longa. À medida que vamos subindo, até aos 3 mil metros a montanha vai ficando verde. O tráfego de camiões é intenso. Saímos de Minab às 10:40, são agora 18:44 e ainda temos mais 40 minutos de viagem. Fizemos uma paragem algures na montanha. A temperatura tinha descido vertiginosamente. Dos 33° C passámos para os 19 °C. Fresquinho, muito bom. Agora cruzamento para Bam. A noite já caiu. O trânsito continua intenso. Esta estrada leva ao Paquistão. É emocionante estar por aqui e ainda por cima só com gente boa.
Só mesmo gente boa e super viajada. Achava eu que já tinha viajado muito 😁. E hoje se tivermos net ainda vamos ver o Benfica! E, quem sabe se será hoje que vou dormir mais de 5 horas??? A escrita de hoje está a ser escrita live. Será chegar ao Hotel, jantar e dar uma voltinha pela cidade.
E continuamos ser pôr combustível. Vamos lá ver se a nossa Super Ducato Multijet 1200 chega ao destino. O Irão é um grande produtor de petróleo, mas desde a revolução de 1978 que não constroem novas refinarias. Corre a notícia que nos próximos dias vão ser dados cartões de racionamento com uma cota mensal por condutor. Por isso as estações de serviço que passamos estão cheias de camiões e carros. Vamos ter fé 😁. Hoje é dia de bola!!!
Chegámos. Tudo correu bem.
Andaram a pintar os “pitos” nos tempos livres ?! 😅
E tudo isto sem óculos? Imagina se não os tens perdido...
Grande aventura. Abraço!
Bonito vai ser quando o pai do Mansour descobrir a namorada do filho 🤣🤣🤣
Obrigado Luís por nos mostrares, através dos teus olhos, esse país tão rico em história e cultura.
É maravilhoso perceber que o mundo está cheio de pessoas boas, com bondade no coração para ajudar o próximo. ❤️
Que essa viagem continue a ser repleta de experiências inesquecíveis.