Operações ao nariz.
Forma estranha de começar a crónica de hoje. Mulheres e homens têm uma preocupação estética muito grande. É aqui que entra o fenómeno das operações ao nariz.
Por todo o lado vejo homens e mulheres com um penso no nariz. O objetivo é ter uma nariz com um perfil menos persa e mais ocidental. O virem para a rua com o penso no nariz é mesmo para mostrar que fizeram a operação, pois nem toda a população tem capacidade económica para o fazer. Dá status fazer esta mudança de visual.
Ora o dia começou sem terminar o anterior. A noite no super autocarro terminou por volta das 06 da matina. Hora em que chegámos a. Bandar Abbas. De onde se apanha o barco para a ilha de Ormuz, atravessando o estreito com o mesmo nome.
Quanto à viagem correu sem sobressaltos e uns com mais descanso que outros. Chegámos todos bem.
O barco só leva passageiros e alguns alimentos. Vamos todos sentados sem possibilidade de ir na parte de cima. Meia hora e já estamos na Ilha de Ormuz. À nossa espera já estava o Hamad e o seu irmão com os seus TukTuk’s, que aqui chamam de Tok Tok.
Existem centenas de Tok Tok’s. Num minuto chegamos a casa do Hamad, amigo de longa data do nosso Fábio. O Hamad, para além de ter o negócio de transporte de turistas, também tem uma casa para alugar.
Tipicamente as casas ou têm uma sala enorme com tapetes em todo o chão, dois quartos e uma espécie de casa de banho.
Outras mais modestas têm a sala, quartos e a cozinha num espaço
Onde estamos alojados é um pouco diferente. Existem quartos enorme, um sítio para tomar banho e uma casa de banho junto à casa.
Hoje vamos, todos, mulheres e homens dormir no mesmo quarto. As camas são colchões distribuídos por todo o espaço. Uma mordomia para turistas. Ir aqui e outros sítios mais tradicionais o hábito é dormir no chão.
A esta hora já quase todo o grupo já dorme.
A ilha tem 1.500 habitantes, com uma área de 42 km 2. A estrada que dá a volta à Ilha tem 27 km’s.
É uma ilha pobre e a despertar para o turismo. Turismo principalmente interno. A vila, único sítio onde existem habitações, é pequena. As casas são todas de rés do chão e muito modestas . Não são pintadas.
As ruas muito estreitas e labirínticas são em terra. Gatos, muito, mesmo muitos. Todos selvagens e famintos Te parece que estou no inferno!
Nada disso. A ilha é super tranquila e aqui a Polícia dos costumes é mais branda. Muitos vêem para aqui para passar uns dias com menos restrições e até irem à praia. Vimos várias mulheres sem usar lenço e alguns homens de calções, que é proibido no Irão. Sim, mesmo os homens se querem ir ao mar têm de ir vestidos. Nós fomos até uma praia mais reservada, todos vestimos o fato de banho e demos uns bons mergulhos. A água estava maravilhosa. Foi o prémio de temos passado a noite no autocarro.
Em, voltando ao inicio. Deixámos as malas na
casa do Ahmad e fomos andando até ao pequeno almoço. Era um cafezinho simples mas com uma boa vibe. Como normalmente não sei o que comi mas estava ótimo. Sempre com chá. Prontos para começar os nosso passeios pela ilha, nos Tok Tok’s do Ahmad e seu irmão.
Primeira paragem visitar as montanhas de sal. Estas montanhas têm cores incríveis. Muito interessante. Hoje havia muita gente em
Todo o lado. É o Ramazan, último dia do Ramadão e embora não seja feriado muitos não vão trabalhar como nós confessou um turista do Norte do Irão. Seguem-se agora dois dias seguidos de feriados.
Depois, sim veio o mergulho à praia seguido de ida à praia vermelha. É um monte de argila que acaba na praia. A terra é mesmo vermelha. Estava repleta de gente tanto na parte de cima como na areia, mas sem ninguém no mar. Todos a tirar imensas fotografias. Mais uma paragem por outra montanha de sal e regressámos para almoçar em casa do Hamad. Primeiro lavar os pés à entrada. Mas casas os sapatos ficam sempre à porta. O almoço, feito pela mulher do Ahmad, que fuma xicha como se não houvesse amanhã, foi peixe frito. Excelente. Todos a comer no chão. Durante o almoço o Hamad disse que ia contar em 5. 10 minutos a história da vida dele. Acho que demorou, pelo menos, uma meia hora. Pouco ouvi, adormeci que nem um Santo, só interrompido por pequenos pontapés da Margarida. Foi um esforço coletivo para estarmos acordados.
Depois da noite de autocarro e já alimentados foi fatal. Mas ainda apanhei alguma coisa. O Ahmad, para além do negócio do turismo também já fez contrabando ou ainda faz, como quase todos os habitantes da ilha.
Já trabalhou no Dubai que fica a meia hora de avião e 5 horas no barco mais rápido. Por isso fala inglês. Depois da Norte do pai o irmão mais velho, sem o consultar alugou a casa dos pais a uma habitante de Xiraz. Alugou a casa, mas não o recheio. O Hamad furioso foi lá e retirou toda a mobília, pois o irmão tecnicamente só alugou a casa. A história continuou mas para o bem
e para o mal não consegui manter-me acordado.
Somente tínhamos mais uma visita ao único espaço de arte da ilha. Muito modesto mas muito interessante. Pertence a um iraniano, também de nome Ahmad, Ahmad Nadalian. Pesquisem pois tem uma história de vida muito interessante.
Na maior dos sossegos e tranquilidade, fomos até à marginal. É pequena, mas um sítio mágico. Já começa a ter pequenos cafés, restaurantes e lojas de roupa. Tudo em ponto pequeno, mas giro. Por aqui perdemo-nos à conversa, com alguns de nós a jogar à macaca com locais. Conversas boas na companhia do Por do sol. Jantar e ficou feito com mais um chá na marginal.
Dia tranquilo, em completa paz de espírito. Vale a pena vir a Ormuz. Alguns devem
estranhar não falar do forte português de Ormuz, pelo menos os que ainda se lembram da História do liceu. Fica para amanhã. Por aqui já passa da meia-noite e como sempre serei o último a adormecer.
Grande Luís, grande!!! Bonito viaje