O meu blog podia chamar-se como viver 20 dias com 400€. É verdade, depois de deixar parte do dinheiro no aeroporto de Istambul, restam-me 400€ para os 20 dias de Irão.
Será um exercício difícil de fazer mas que terá de ser atingido com êxito. Até agora a refeição mais cara foram 7,5€ e espaço para recuerdos não há. Só mesmo histórias para contar. Ao longo dos dias vos direi como corre este processo. Ora dos 150€ que troquei recebi 10 maços de notas. Restam 5 e ainda tenho 250€. Ainda serão mais uns valentes maços a trocar pelos euros.
Para terem uma ideia, por estas terras 60 litros de gasolina são 5€. Uma entrada num museu não chega a 1€. Hoje, almoço e jantar foram 6€.
Hoje foi o dia da chegada dos dois viajantes em falta. Isabel e Filipe. Conforme previsto chegaram por volta da 1 da manhã. Conforme não previsto a mala do Filipe não chegou. A dele e de muitos mais passageiros do mesmo voo de Istambul com destino a Shiraz. Esperemos que chegue no voo desta madrugada pois amanhã é dia de sair de Shiraz rumo mais a Sul.
Chegado ao pequeno-almoço foi o momento de conhecer os 2 viajantes acabados de chegar na madrugada. Apresentações feitas, pequeno almoço tomado em 5 minutos, pois hoje havia breafing para todo o grupo.
No pequeno almoço ainda o gerente do hotel pediu para gravar um vídeo com alguns dos viajantes para dizer que o hotel era fantástico, com as mãos e olhos dirigidos para o céu. Com vários takes lá ficou o vídeo feito.
O breafing, do nosso líder Fábio, foi com explicações sobre alguma logística, comportamentos a ter e como vão ser os próximos dias.
Breafing feito, bando dos 7 reunido, era hora de começar o programa mais oficial.
Hoje temos, novamente a companhia do nosso guia iraniano - Mansour - a acompanhar a equipa da Nomad.
Começamos logo com a visita a um mausoléu, mesmo em frente ao nosso hotel. Seguimos para a Madrasa Pars. Uma madrasa é uma escola onde se ensina a religião muçulmana e onde os estudantes residiam em pequenas celas. Hoje é um museu, mas continua com atividade religiosa. Entrámos no momento em que muitos Mulás começaram a encher o pátio interior. Impressionante ver tantos Mulás. Estavam reunidos numa das salas da Madrasa e terminaram no momento da nossa chegada. São estes os líderes religiosos que dependem diretamente dos Aiatolás, os líderes religiosos do país e que estão acima dos governantes eleitos pelo povo iraniano. Quem concorre a eleições tem de ter o prévio acordo dos Aiatolás.
Para ser um Aiatolá, além de conhecimento e discernimento, tem ser descendente direto de Maomé.
Voltando as Mulás, são eles que nos seus sermões passam as mensagens dos líderes religiosos e políticos.
Saímos da Madrasa em direção ao Bazar. Não para uma vista prolongada, mas como passagem para a visita à grande primeira mesquita que iremos ver no Irão. Tal como muitas mesquitas no Irão sao abertas com um pátio enorme, muros gigantes, sem minaretes e sem pinturas. Mas com azulejos lindíssimos.
De volta ao Bazar para almoçar. Aqui os bazares têm imensas lojas onde tudo se vende. Para variar não percebi bem o que comi. A comida vinha num pote em que se escorria o molho para um prato e que depois de retirado o molho se amassava o que estava dentro do pote e se comia com uma colher. Custo do almoço 2,5€.
Depois de voltarmos ao hotel, a meio da tarde, tínhamos dois objetivos. Visitar os jardins de Hafez, onde está sepultado um dos poetas mais idolatrados pelo povo iraniano e tentar a entrada no lugar sagrado Mausoléu Shah Cheragh.
Os jardins de Hafez, onde está sepultado o poeta com o mesmo nome estava cheio de gente. Hafez nasceu em 1315 e morreu em 1390. É normal encontrar nas casas do cidadão comum, ao lado do Corão um livro deste poeta. Tinha como filosofia de vida a liberdade total de cada um, em que o único limite era o de não intromissão na liberdade dos outros.
Os principais temas de seus poemas são o amor, a celebração do vinho e da embriaguez e a exposição da hipocrisia daqueles que se colocaram como guardiões, juízes e exemplos de retidão moral.
Este espaço foi erguido para celebrar o amor, a liberdade de pensamento. Hoje não é bem assim. Estavam centenas de mulheres vestidas de preto a rezarem ao ritmo do Mulá de serviço. Nada a ver com o poeta Hafez. Muitas fotos tirei eu ao que estava a ver.
Uma outra história e que marcará toda a viagem aconteceu aqui. Mas será contada no final da viagem.
Restava um objetivo para este dia. A visita ao lugar sagrado Mausoléu Shah Cheragh.
Aqui aconteceram em 2022 e 2023 dois atentados, com algumas mortes, reivindicados pelo Estado islâmico. Mas conseguimos entrar. As medidas de segurança são levadas a sério. Nada entra a não ser a roupa que temos vestido. Homens entram por uma porta, mulheres pela outra. As nossas companheiras de viagem, por cima da roupa e já devidamente cobertas até aos pés. e com o lenço no cabeça têm ainda de vestir uma capa que as cobre totalmente . Depois desta logística juntam-se a nós e com a guia da mesquita iniciamos a visita. É médica, muito nova e voluntária.
O espaço é gigante e constituído por vários pátios a perder de vista e com vários edifícios. Irrepreensivelmente cuidado, decorado com milhares de azulejos. A importância deste espaço deve-se ao facto de ter o túmulo de uma figura muito importante da descendência de Maomé. Espaço definitivamente a não perder numa visita a Shiraz.
Visitamos a sala onde está o túmulo e mais algumas salas.
Já a noite caiu, jantamos - 3€ - e recolhemos ao hotel. Amanhã será outro dia longo com visita à cidade de Persepolis.
Fantástico!!! Continuação de boa viagem por terras do Irão!!!
Muy binitas las fotos
Que dia cheio!
😊🫶🏻